O passo a passo da produção musical – Parte 2


Sete passos da produção musical
Por Jean Angelotti
 Na primeira parte desta série de artigos escrevi sobre os conceitos iniciais da produção musical: pré-produção, escolha do repertório e cinco regras básicas que compõem uma boa música. Neste segundo artigo, quero me direcionar um pouco mais aos produtores descrevendo os sete passos da produção musical. Um panorama sobre uma competente produção.
 1 – Conceito dos arranjos
 A presença do produtor na definição do conceito dos arranjos de uma música é fundamental. É neste momento que o ele pode impedir que surjam bizarrices musicais, mantendo a coerência que deve existir entre o artista e sua expressão, com o mercado musical. Ainda que um artista seja excêntrico, e queira no afã de inovar, criar algumas misturas musicais, o mercado não costuma tolerar exageros. Como por exemplo, aplicar o som de um cavaco, em uma música cujo gênero é o rock, ou desenhar linhas de uma guitarra distorcida em um samba, pode criar uma mescla que não soará bem aos ouvidos mais tradicionais.  
 2 – Sensibilidade
O produtor precisa ser sensível ao seu cliente. Deve ser cuidadoso ao comentar, por exemplo, sobre a melodia da música. Ninguém gosta de ouvir que há algo ruim em sua composição. Entretanto, é papel do produtor alertar quando algo está ruim. Para isso, de um toque com jeitinho. Caso perceba que algum instrumento está cruzando com outro, ou que a bateria está atravessando, antes de dizer que o músico está tocando erroneamente, pergunte se o ritmo é aquele mesmo, se é complexo ou simples, se é proposital ou não. Cabe também ao produtor intervir se há algo errado na harmonia, como notas ou acordes errados. O Produtor e o engenheiro de som, também devem direcionar a forma com que as harmonias e vocais serão gravados.
 3 – Letra
 O produtor não deve intervir quanto ao mote da letra. Isto é parte da livre expressão do artista. O produtor deve avaliar se a letra está ritmicamente correta.
4 – Arranjo
 Quanto aos arranjos, é função do produtor opinar se será adequado fazer dobras de instrumentos, fazer a mesma dobra com outro timbre, se entra orquestra ou não, a forma que os vocais serão gravados. O produtor deve apresentar opções para o artista e chegar a um acordo com o mesmo. Costumo gastar madrugadas com a caneta na mão preenchendo as lacunas de uma pauta, para encontrar arranjos criativos, mas coerentes com o momento atual do mercado musical e com o estilo musical do artista.
 5 – Gravação de Voz
 Esta etapa da produção é a mais complexa. Como produtor e arranjador do projeto, procuro estar atento, desde a gravação das guias, ou nas mostras que o artista manda, para alertá-lo de possíveis correções em seu modo de cantar. O objetivo, geralmente, não é mudar o estilo de cantar, mas sim para aperfeiçoar o canto.
Embora a tecnologia nos disponha programas de edição de voz, que podem fazer verdadeiros milagres, existem imperfeições que devem ser corrigidas pelo próprio cantor, são elas: interpretação, ritmo, respiração, pronuncia e fonética das palavras.
Uma dica importante: cantores devem procurar um fonoaudiólogo para aperfeiçoarem a arte de cantar, antes de se atrever a gravar.
 6 - Mixagem
 Mixagem e masterização se confundem no processo. É um errro pensar que imperfeições audíveis na mixagem, serão corrigíveis na masterização.
Os Padrões de volume, equalização, efeitos, compressão dos instrumentos e da voz gravados, já estão definidos na mixagem. Portanto, desde a captação, seja de um instrumento, ou da voz, os parâmetros que menciono acima devem ser observados com cuidado. Infelizmente, muitos produtores adotaram um “jeitinho brasileiro” de resolver problemas decorrentes da captação e de uma má mixagem, na masterização. Isto é um sofisma que compromete a qualidade da produção.
 7 - Masterização
 Em suma, a masterização padroniza os volumes gerais do CD, deixando homogêneos.
Para explicar melhor, quero voltar no tempo, à época do vinil. Naquele tempo as matrizes saiam dos estúdios em fitas magnéticas.As fabricas através de equalizadores faziam ajustes de frequências e volumes entres as faixas, pra ficar tudo de maneira homogênea, e não ocorresse que uma música ficasse mais alta que outra, ou mais grave ou aguda. Então se estabelecia um padrão geral na matriz, que era feita em acetato, para a fabricação em bloco do LP (vinil).
Na masterização de um CD o conceito é o mesmo, deixar tudo de forma proporcional, desde a equalização, até o volume das faixas. Esta é a última etapa da produção.

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